domingo, 20 de janeiro de 2013

UMA CASA

Capítulo único: O capítulo a Vinícius de Moraes Esta é uma casa que, pra eles, era muito engraçada. Tinha teto, tinha quase tudo. Muita gente podia entrar, no entanto, poucos desejavam (pouca família, nenhum parente). Não por não existir chão. Existia! Não havia rede. Quer dizer, havia! Mas ninguém dormia nela. Não por não ter parede. Tinha! Acontece que elas sempre estavam ocupadas, ouvindo certos momentos. E afinal, três amores se tornam pesados, quando juntos, não?! O banheiro era utilizável, e usado por todos, e pinico nunca existiu por lá. E ela sempre reclamava a eles que devem sempre descer a tampa. Não interessa se fora feita com muito esmero, em alguma rua, com algum número. Interessa-nos o que era feito dentro dela: se com muito esmero, se com muito capricho. Assim era a casa, e uma família ali vivia.

VIDA EM JUPETER

A vida pode ser variável em todas as suas formas. Há quem viva com Deus, e há quem coma carne; como há quem ame. O que não ocorre, totalmente: ou você é inteiramente homem, ou inteiramente mulher. Um homem nunca será mulher, e mulher nunca será homem. O que não custa tentar! Só consigo narrar aquilo que consigo imaginar. Nem se quer imaginando consigo dizer a sensação deste afortunado personagem em ser, nos momentos que bem quiser, ser uma mulher. Troca sua genitália e se senta numa outra, sentindo-se mais atraente. Não sei se o mais (não pensemos nessas pequenezes). Com uma segurança de si, para si, por hora intraduzível.

DONA VADIA

Lá, aqui, ou naqueles lugares nem tão longe de sua casa, ela era, ou é, depende do momento em que penso, o que não era perto de (ou na) sua casa: Vadia! E adorava!

DE RENATO A ENGENHEIROS

Guardava a confissão herético-lúcida que Renato Russo é brega, desnecessariamente triste, irreal e sempre, e sempre incongruente com as emoções (parece-lhe que o que se cantava por Russo, ele nunca, nunca havia sequer sentido algo parecido. Não por Russo ser uma alma singular, mas por conseguir apenas traduzir loucuras). Achava de uma infelicidade depressiva, por vezes sem igual, Engenheiros do Hawai. Não por conseguirem rimar pensamentos exóticos, com palavras significativas. Mas por cantarem confusões mentais que não o deixava perdidamente sozinho com as suas.