segunda-feira, 12 de julho de 2010

EU PRECISO DIZER QUE TE AMO

Capítulo I

EU PRECISO DIZER QUE TE AMO

E ao som de uma melodia harmoniosa a Ele, e romântica a Ela, o feminino percebe a distração no olhar masculino. Ela com as salientes e macias mãos encostadas ao rosto, com um leve sorriso desenhado pelos lábios fechados e olhando firme e, talvez, inferiormente a Ele, “No que está pensando?”.

Ele, voltando ao quarto, a encara de forma sincera. O silêncio da música dúbia faz do ambiente um lugar real. Ele respira, “Em como lhe dizer.”. O leve desenho do sorriso é, aos poucos, apagado. O olhar que foi firme tornou-se inseguro. As macias e salientes mãos estão mortas. Então, “Em como dizer que te amo.”.

Ele se levanta para ser despercebido ao banho. Uma boca é levemente aberta e um molhado olhar é lançado em direção ao nada. Está distraída.

Capítulo II

O ENCONTRO DOS ADÃO

Abraçados no silêncio, o Homem e o Garoto repousam: a face jovem descansa sobre o peito senhoril prateado. A mão que o tempo dedicou o seu ofício, protege o ombro agora frágil. Estão seguros. O Homem passa o olhar sobre o corpo que se deita sobre o seu, e o Garoto solta um infantil sorriso de olhos fechados.

Abre os olhos, e procura confirmar sua imaginação: é real. O Garoto sobe a cabeça, encontrando o amável olhar de seu Homem. Eles se olham. E um beijo à testa é doado, na tentativa de expressar, “Estou aqui. Não sempre, mas sempre que posso.”.

Capítulo III

O ENCONTRO DELES

A Mulher leva a mão à boca, acaricia o cigarro com os lábios, chupa-o e respira aliviada. Da sacada, ou da janela, não se sabe, a Mulher do Homem pensa na força da natureza. Em como o homem é frágil, diante de uma força tão inevitável. Na forma como sempre procuramos distrações para se aliviar uma dor. “Seriam mesmo distrações?”.

Mão, boca, cigarro, lábios e respira, este é o seu encontro consigo. Olha para o nada. Talvez esperando-o, talvez não; talvez esperando-a. Acaricia o pequeno seio e o sente e, “Sim, Ela virá!”.

O Homem abre a porta e para. Olha as costas, o cigarro entre os dedos e deduz um olhar distante. A Mulher se vira, inclina, angelicalmente, o agora fino pescoço, e sorri. Talvez ainda distraída, talvez encantada, “No que está pensando?”. “Ainda é linda!”, pensa. Ele sorri com os lábios, olha baixo e enquanto respira, vai levantando a cabeça ficando, talvez, superior, “Em como lhe dizer.”. O doce e encantador sorriso que um dia foi levemente desenhado, não é hoje apagado aos poucos. Mas sim, aumentado pela mordida aos secos lábios. Já sabia a resposta.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CAOS DO CONHECIMENTO [estranho]

Abriu a porta e entrou. Fechou-a e passou o trinco no portal, trancando-se no banheiro. Ficou de frente ao espelho, encarou-se e sentou na louça. Assim, estava como todos desejavam, sem ser percebido que tinha percebido. No pequeno cômodo decorado com brancas cerâmicas, e louças marrons, decidiu ser o que queriam. No entanto, na sua fortaleza mental pode ser o que queria ser, Personagem com Sobrenome.

“Antes do banheiro.”, começou a recapitular na busca de certeza, “Um homem frágil e controlável, como todos; a mercê dos olhares humano; a tranquilidade da vida era a sua vida. Tragédias, dores, mortes, tudo irreal. Um indivíduo qualquer, porém com uma vida observável. Os pensamentos eram particulares, apenas isso. O suposto ‘destino’, traçado por vontades alheias. O isolamento existe, mas não é respeitado. Tudo o que Vê, faz e talvez até o que sente, é exposto, vendido. Era o que um filme dizia.”, pensou.

“Os créditos se levantavam, e com a boca levemente aberta e com a cabeça inclinada, olhando pensativamente a reflexão, Personagem via a televisão com a sala silenciada, dentro da madrugada: todos os filmes eram, de fato, um recado, um aviso. Uma maneira de mostrar o quanto foi enganado, o quanto Personagem fora usado.”, foi o que fez e pensou, concluindo assim, a segunda parte, antes de se trancar.

“A vida de trás para frente, isto era normal. Um homem velho que se torna criança. O sonho de todos, para alguns. Já para outros, um absurdo impensável. Um absurdo tão absurdo que quase foi proibido. Uma lógica sem sentido, se não observada atentamente: crianças são conscientes, humanas; e velhos inconscientes, talvez desumanos.”, o que dizia o outro filme.

“a trilha sonora final acontecendo na televisão. Personagem com Sobrenome firma o dedo indicador por cima da boca, olhando, a uma primeira vista, distraidamente para a porta aberta. Senta-se um pouco de lado na sua poltrona, com o cotovelo repousado sobre o braço do móvel. A sala era escura, talvez porque fosse madrugada.”, este era o cenário que antecede o “antes do banheiro.”. “Toda a casa repousava em silêncio. Será que realmente repousava?”, indagou, mental e seguramente, fazendo-o voltar à ilusão. “Ouviu alguém se levantar do seu quarto, era Ela. E então se põem de pé, desliga a TV, e vai dormir.”, assim termina a primeira parte: O primeiro recado das crianças fora assistido.

“Sim, é verdade!”, pensou. “Sou o que Eles querem que Eu seja. Tenho tudo planejado, não por mim.”, continuou. “O ciclo da vida que foi normal, hoje é contraditório: velhos são inconscientes, e crianças conscientes; mais novo mais humano.”. Esta foi a base de sua “discussão” consigo mesmo, e conclusão final. A operação das crianças exteriores fora concluída.

E dentro do banheiro tudo havia mudado e nada estava normal, o caos tinha se instalado.



Filipe Artur, o 3 e o 4 parágrafo devem ser entendidos como fazendo parte da mesma ideia, do mesmo "filme". Porque então não os coloquei juntos? Porque há uma ruptura "temática", entre um e outro. Esse conto realmente ficou estranho, como flei acima. Talvez o "O curioso caso de Benjamim Button", e o "O show de Truman" ajudem a entender minha intensão.

terça-feira, 25 de maio de 2010

, ao ZAPT

Risos e mais risos.
Pessoas que os estranham.
E que quando nos falam,
produzimos rios de risos.