Capítulo I
EU PRECISO DIZER QUE TE AMO
E ao som de uma melodia harmoniosa a Ele, e romântica a Ela, o feminino percebe a distração no olhar masculino. Ela com as salientes e macias mãos encostadas ao rosto, com um leve sorriso desenhado pelos lábios fechados e olhando firme e, talvez, inferiormente a Ele, “No que está pensando?”.
Ele, voltando ao quarto, a encara de forma sincera. O silêncio da música dúbia faz do ambiente um lugar real. Ele respira, “Em como lhe dizer.”. O leve desenho do sorriso é, aos poucos, apagado. O olhar que foi firme tornou-se inseguro. As macias e salientes mãos estão mortas. Então, “Em como dizer que te amo.”.
Ele se levanta para ser despercebido ao banho. Uma boca é levemente aberta e um molhado olhar é lançado em direção ao nada. Está distraída.
Capítulo II
O ENCONTRO DOS ADÃO
Abraçados no silêncio, o Homem e o Garoto repousam: a face jovem descansa sobre o peito senhoril prateado. A mão que o tempo dedicou o seu ofício, protege o ombro agora frágil. Estão seguros. O Homem passa o olhar sobre o corpo que se deita sobre o seu, e o Garoto solta um infantil sorriso de olhos fechados.
Abre os olhos, e procura confirmar sua imaginação: é real. O Garoto sobe a cabeça, encontrando o amável olhar de seu Homem. Eles se olham. E um beijo à testa é doado, na tentativa de expressar, “Estou aqui. Não sempre, mas sempre que posso.”.
Capítulo III
O ENCONTRO DELES
A Mulher leva a mão à boca, acaricia o cigarro com os lábios, chupa-o e respira aliviada. Da sacada, ou da janela, não se sabe, a Mulher do Homem pensa na força da natureza. Em como o homem é frágil, diante de uma força tão inevitável. Na forma como sempre procuramos distrações para se aliviar uma dor. “Seriam mesmo distrações?”.
Mão, boca, cigarro, lábios e respira, este é o seu encontro consigo. Olha para o nada. Talvez esperando-o, talvez não; talvez esperando-a. Acaricia o pequeno seio e o sente e, “Sim, Ela virá!”.
O Homem abre a porta e para. Olha as costas, o cigarro entre os dedos e deduz um olhar distante. A Mulher se vira, inclina, angelicalmente, o agora fino pescoço, e sorri. Talvez ainda distraída, talvez encantada, “No que está pensando?”. “Ainda é linda!”, pensa. Ele sorri com os lábios, olha baixo e enquanto respira, vai levantando a cabeça ficando, talvez, superior, “Em como lhe dizer.”. O doce e encantador sorriso que um dia foi levemente desenhado, não é hoje apagado aos poucos. Mas sim, aumentado pela mordida aos secos lábios. Já sabia a resposta.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário