quarta-feira, 26 de maio de 2010

CAOS DO CONHECIMENTO [estranho]

Abriu a porta e entrou. Fechou-a e passou o trinco no portal, trancando-se no banheiro. Ficou de frente ao espelho, encarou-se e sentou na louça. Assim, estava como todos desejavam, sem ser percebido que tinha percebido. No pequeno cômodo decorado com brancas cerâmicas, e louças marrons, decidiu ser o que queriam. No entanto, na sua fortaleza mental pode ser o que queria ser, Personagem com Sobrenome.

“Antes do banheiro.”, começou a recapitular na busca de certeza, “Um homem frágil e controlável, como todos; a mercê dos olhares humano; a tranquilidade da vida era a sua vida. Tragédias, dores, mortes, tudo irreal. Um indivíduo qualquer, porém com uma vida observável. Os pensamentos eram particulares, apenas isso. O suposto ‘destino’, traçado por vontades alheias. O isolamento existe, mas não é respeitado. Tudo o que Vê, faz e talvez até o que sente, é exposto, vendido. Era o que um filme dizia.”, pensou.

“Os créditos se levantavam, e com a boca levemente aberta e com a cabeça inclinada, olhando pensativamente a reflexão, Personagem via a televisão com a sala silenciada, dentro da madrugada: todos os filmes eram, de fato, um recado, um aviso. Uma maneira de mostrar o quanto foi enganado, o quanto Personagem fora usado.”, foi o que fez e pensou, concluindo assim, a segunda parte, antes de se trancar.

“A vida de trás para frente, isto era normal. Um homem velho que se torna criança. O sonho de todos, para alguns. Já para outros, um absurdo impensável. Um absurdo tão absurdo que quase foi proibido. Uma lógica sem sentido, se não observada atentamente: crianças são conscientes, humanas; e velhos inconscientes, talvez desumanos.”, o que dizia o outro filme.

“a trilha sonora final acontecendo na televisão. Personagem com Sobrenome firma o dedo indicador por cima da boca, olhando, a uma primeira vista, distraidamente para a porta aberta. Senta-se um pouco de lado na sua poltrona, com o cotovelo repousado sobre o braço do móvel. A sala era escura, talvez porque fosse madrugada.”, este era o cenário que antecede o “antes do banheiro.”. “Toda a casa repousava em silêncio. Será que realmente repousava?”, indagou, mental e seguramente, fazendo-o voltar à ilusão. “Ouviu alguém se levantar do seu quarto, era Ela. E então se põem de pé, desliga a TV, e vai dormir.”, assim termina a primeira parte: O primeiro recado das crianças fora assistido.

“Sim, é verdade!”, pensou. “Sou o que Eles querem que Eu seja. Tenho tudo planejado, não por mim.”, continuou. “O ciclo da vida que foi normal, hoje é contraditório: velhos são inconscientes, e crianças conscientes; mais novo mais humano.”. Esta foi a base de sua “discussão” consigo mesmo, e conclusão final. A operação das crianças exteriores fora concluída.

E dentro do banheiro tudo havia mudado e nada estava normal, o caos tinha se instalado.



Filipe Artur, o 3 e o 4 parágrafo devem ser entendidos como fazendo parte da mesma ideia, do mesmo "filme". Porque então não os coloquei juntos? Porque há uma ruptura "temática", entre um e outro. Esse conto realmente ficou estranho, como flei acima. Talvez o "O curioso caso de Benjamim Button", e o "O show de Truman" ajudem a entender minha intensão.

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